Palavras
Toda a minha vida foi em torno de palavras. As palavras
quase que eram como o dinheiro, caiem sempre bem e de certa forma resolviam as
minhas “crises”. Não vou fazer parágrafos porque tudo isto é uma continuidade: uma
palavra sozinha raramente nos transmite uma mensagem e toda a nossa rotina é
feita de uma sopa de palavras que no fim do dia nos permitem tirar uma
conclusão. No entanto, ultimamente tenho-me perguntado porque é que dou tanto
valor às palavras. Será uma doença? Ou mesmo um fetiche? Uma palavra é capaz de
mudar o meu dia, mas elas têm assim tanto valor? Afinal não são só palavras? O
meu professor diz que o mundo que vivemos é configurado por uma linguagem que
serve de instrumento com um centro ideológico e tudo não passam de ideologias. Sinto
que vivo demasiado assim, o meu centro são as palavras, como o sol, e as
pessoas são os planetas. Na verdade, elas dão-nos acesso a coisas maravilhosas
como à arte, ao diálogo ou mesmo a conhecer melhor os outros, mas há momentos
em que elas deixam de ter valor. Basta recuarmos um pouco no tempo aos mestres
da retórica que usavam a palavra como objeto de persuasão, ou seja, podemos
mesmo dizer que influenciavam os ideais dos seus ouvintes apenas usando bem o
poder da retórica. E com isto chego à conclusão que as palavras são tóxicas,
perigosas quando mal usadas ou quando demasiado bem usadas. Bem, esta reflexão
vem mesmo a propósito desta traição que eu sinto por parte das palavras, que
sempre viajam comigo e me ajudam a superar os meus problemas. Deixaram de
ajudar, aliás só me prejudicam ainda mais. As palavras privaram-me de agir e
comecei a vê-las como um objeto preciso e essencial no meu quotidiano, quando
na verdade devia dar mais valor às atitudes. E faço apenas agora um parágrafo
para mostrar a ideia intrínseca neste meu desabafo:
Usem menos as palavras e mostrem mais o que elas realmente
querem dizer.
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